Saudações a todos! Este é meu primeiro texto no Olhar Esportivo e tentarei falar de assuntos ligados à gestão e economia esportiva, contrastando as diferenças entre Europa e Brasil, principalmente. Este não é um assunto que agrada a todos, mas vamos buscar uma linguagem acessível e que possibilite interatuar com nossos leitores.
Começo com uma pergunta que devemos fazer: o futebol é sorte? O que vocês acham? Refiro-me não a um lance, a uma partida, mas a um período de êxitos ou não êxitos de uma equipe.
( ) sorte
( ) não sorte
Certamente um pênalti em uma final de campeonato tem algo a ver com o imponderável, com a sorte mesmo. Mas não exclusivamente com isto. Não é uma loteria. Tomemos dois exemplos:
1. Brasil x França, Copa do Mundo de 1986: Pênalti para a seleção canarinha faltando pouco mais de 15 minutos para o final da partida. Zico acabara de entrar e tinha tocado na bola apenas uma vez. Ele chama a responsabilidade, que é o que se espera do craque do time, e pede para cobrar a penalidade. Neste momento, você como gestor da equipe (chamamos de técnico ou treinador), escalaria alguém que estava voltando de lesão, frio no jogo, que ainda não sentiu o campo, a bola, o goleiro adversário mesmo tendo excelentes opções na equipe como Careca, Edinho ou Sócrates para a cobrança da penalidade?
2. John Terry na final da Champions League 2007/2008: Manchester United x Chelsea. A partida acaba empatada em 1 a 1. Na última penalidade para o Manchester United o português Cristiano Ronaldo falha e não converte. Agora é somente o zagueiro e capitão do Chelsea fazer o último pênalti que os Blues ganhariam sua primeira “orelhuda” (como chamam o troféu da Champions na Espanha). Você como gestor, colocaria o único jogador que passou pelas categorias de base do Chelsea, capitão da equipe, o que leva maior carga emocional por esses fatos a bater o último pênalti? Ou o escalaria para bater o primeiro pênalti e deixaria o último para um especialista, como Drogba?
Essas decisões foram tomadas no terreno de jogo, certo? Se a resposta foi afirmativa, os gestores foram negligentes com a torcida, com o clube e com seus comandados. Pouquíssimas situações de jogo podem ser “surpresa” para um comandante. Se o clube vai para uma decisão de campeonato que pode ser decidido nos 11 metros, além dos atletas treinarem cobranças exaustivamente, a comissão técnica tem que criar, pensar, prever, intuir, treinar as alternativas possíveis para esta situação provável. Há treinadores, muito poucos, que lá de vez em quando fazem treinamentos táticos de 11 contra dez jogadores para que, quando a equipe adversária tenha um jogado expulso, os jogadores saibam o que fazer e tenham treinado o que fazer (que são coisas diferentes). O nome disso é planejamento estratégico. Algo que escutamos muito em entrevistas de dirigentes, mas que poucos aplicam na prática.
E para um clube, o que se deve levar em consideração para o planejamento estratégico? O que priorizar? Qual o limite de gastos para o grupo de jogadores? Priorizo campanha de sócios (estratégia a médio/longo prazo) ou subsidio de ingressos para lotar estádio agora (estratégia de curto prazo)? Os recursos (tempo, pessoas, dinheiro) são finitos, limitados. Como gerir? Bom, algo disso nos próximos posts.
Abraço,
Álvaro Ramos Prange
@ramos_alvaro
OBS: O que lemos serve de inspiração para nossas ideias. O assunto e exemplo do pênalti do Terry, tirei do livro "A Bola Não Entra Por Azar", de Ferran Soriano. O exemplo do Zico, certamente não estava no livro. O restante do texto também não, é uma extrapolação sobre o mesmo assunto, um desenvolvimento que fiz e sugeri para debate.
5 comentários:
otimo texto.
Gostei do texto, bem claro com as palavras. No aguardo de um próximo...
Obrigado pelos comentários!
Abraço!
esse texto eu já li num livro
Anônimo, eu não publiquei este texto em livro algum.
OBS: O que lemos serve de inspiração para nossas ideias. O assunto e exemplo do pênalti do Terry, tirei do livro "A Bola Não Entra Por Azar", de Ferran Soriano. O exemplo do Zico, certamente não estava no livro. O restante do texto também não, é uma extrapolação sobre o mesmo assunto, um desenvolvimento que fiz e sugeri para debate.
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